segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Suicídio involuntário

Eu sempre fui quem perderia a vida por alguém. Uma grande festa por um amigo doente. Um amor por uma amiga. O colorido do meu dia por você. Eu fui quem perdeu os sentidos ao ver que você tinha sumido. Eu fui a pessoa que morreu, quando você foi viver sua vida. Sem mim. Mas principalmente, fui eu quem te amou. Outros amores vieram e muitos se foram, mas de todos, o mais verdadeiro foi o teu. Porque um amor de verdade supera tudo, mas não deixa de ter suas sequelas. Um amor de verdade é construído com compreensão, mobilidade, sensibilidade, verdade, paixão, fidelidade, confiança e principalmente, eu e você. Mas aos poucos eu vejo você se distanciando, partindo... São perdas e ganhos. Sempre me falaram que ninguém era completamente feliz, completamente amado, completamente completo. De tudo que você disse, eu guardei o que me fez bem. Tornando eterno cada pequeno momento. Momentos que não vivemos, mas imaginamos e fantasiamos. Quando me deito e repouso minha cabeça no travesseiro, penso no meu dia como um todo e depois penso em como ele seria se você fizesse parte dele. E chego a clara conclusão de que ele seria bem melhor com você aqui. As vezes o coração sente mais falta de quem ficou pra trás, mas o meu sente falta de alguém que nunca viu. E diga-se de passagem, não sei se verei. O inverno já passou, estamos na primavera e no verão tudo pode mudar... Será que terei que lhe esperar por muito mais tempo? O inverno sem você se torna mais frio, e não quero ninguém além de você para me esquentar. Na primavera não há ninguém que substitua seu lugar ao meu lado, andando por ai, olhando as flores e tudo que a estação pode nos proporcionar. E no verão... Bom, o verão se tornará o mais difícil da minha vida. Porque agora eu sinto que não há muito o que viver sem você. Só tento sobreviver. Queria entrar num sono profundo e só acordar quando você chegasse. Se é que vai chegar. Posso aparentar falta de esperança, ou até falta de amor, intolerância, impaciência... Trata-se de um chamado desesperado de um coração apertado de tanto amor, remendado de tanto sofrer, que bate cada vez mais lento por não tê-lo por perto. Não ter teu cheiro impregnado na minha roupa, não ter seus lábios nos meus, não sentir sua respiração em mim, não ter suas mãos nas minhas andando por ai, não te ter no meu dia... Tudo isso faz parte do meu suicídio involuntário, que insiste em visitar-me todas as noites e logo pela manhã devolve-me a vida, para que possa tirá-la mais tarde. Outra vez.

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